Ed e Deb Shapiro examinam as razões e os obstáculos mais comuns

Por que algo tão simples como sentar e observar nossa respiração evoca pânico, medo e até hostilidade? Não importa a quantidade de relatos provando o valor mental, emocional e físico de ficar quieto, parece haver uma quantidade ainda maior que se recusa a tentar.

A meditação certamente pode ser desafiadora, tanto mais se não tivermos certeza da razão pela qual a estamos praticando. Pode parecer muito estranho ficar sentado apenas ouvindo a conversa incessante em nossa cabeça, e facilmente ficamos entediados se não fizermos nada por muito tempo, mesmo que seja apenas por 10 minutos.

Depois de passar anos ouvindo uma infinidade de razões pelas quais as pessoas acham difícil meditar, nós as reduzimos a apenas poucas.

 

  1. Estou muito ocupado, não tenho tempo. Isso certamente será verdade se você tiver filhos pequenos e um emprego de tempo integral e tudo o que isso implica. No entanto, estamos falando de apenas cerca de 10 minutos por dia. A maioria de nós gasta mais tempo lendo o jornal ou navegando a esmo na internet. Parece que não temos tempo, porque normalmente preenchemos cada momento com atividade e nunca pressionamos o botão de pausa.

 

  1. Acho muito desconfortável ficar parado por muito tempo. Se você estiver tentando sentar-se com as pernas cruzadas no chão, de fato ficará desconfortável. Mas você pode sentar-se direito em uma cadeira firme e confortável. Ou você pode praticar a meditação andando, ou a ioga ou o tai chi. A meditação em movimento pode ser tão benéfica quanto a meditação sentada.

 

  1. Minha mente não para de pensar. Não consigo relaxar. Não consigo meditar. Simplesmente não posso! Minha mente não fica quieta; ela vai para todo lado! Meus pensamentos estão me deixando louco! Estou tentando fugir de mim mesmo, não olhar para dentro. Isso soa familiar?

Pode ser surpreendentemente, mas tentar impedir sua mente de pensar é como tentar parar o vento – é impossível. No ensino oriental, a mente é descrita como um macaco bêbado mordido por um escorpião porque, assim como um macaco salta de galho em galho, a mente salta de uma coisa para outra, constantemente distraída e ocupada. Então, quando você senta quieto e tenta aquietar sua mente, você descobre toda essa atividade maníaca acontecendo e tudo parece insanamente barulhento. Na verdade, isso não é nada novo, só que agora você está tomando consciência disso, ao passo que antes estava imerso nisso sem se dar conta de que toda essa tagarelice era constante.

Essa experiência da mente ocupada é muito normal. Alguém certa vez estimou que, em qualquer sessão de meditação de trinta minutos, podemos ter mais de trezentos pensamentos. Anos de mente ocupada, anos fazendo e mantendo dramas, anos de estresse e confusão e egocentrismo, e por isso a mente não tem ideia de como ficar quieta. Em vez disso, anseia por entretenimento. Você não poderá desligá-la repentinamente ao meditar e isso apenas significa que você é como todo mundo.

 

  1. Há muitas distrações e muito barulho. Foram-se os dias em que podíamos desaparecer em uma caverna e ser deixados em paz até retornar, algum tempo depois, totalmente iluminados. Em vez disso, todos nós temos de lidar com os sons e as imposições do mundo ao nosso redor. Mas – e é um grande “mas” – não precisamos deixar isso acontecer. Há carros passando lá fora? Muito bem. Deixe-os passar, mas não vá com eles. O silêncio que você procura está dentro, não fora de você. A experiência da quietude é cumulativa: quanto mais você se senta para meditar, tanto mais quieta, mais alegre a mente lentamente vai ficando, apesar de toda distração que possa haver.

 

  1. Não vejo o benefício. Infelizmente é nesse ponto que você tem de confiar na nossa palavra. Algumas pessoas percebem como a meditação é benéfica depois de apenas uma sessão, mas a maioria de nós leva mais tempo – você pode notar a diferença depois de uma semana ou talvez duas de prática diária. Isso significa que você tem que confiar no processo o suficiente para perseverar e continuar mesmo antes de obter os benefícios.

Lembre-se de que a música precisa ser ensaiada por horas para que se obtenha os tons certos, enquanto no Japão pode levar 12 anos até que se aprenda a arranjar flores. Ficar quieto acontece em um instante, mas pode levar algum tempo antes que esse instante chegue – daí a necessidade de ter paciência.

 

  1. Não sou bom nisso; nunca consigo fazer direito. Na verdade, é impossível errar na meditação. Mesmo se você ficar sentada por 20 minutos tendo pensamentos absurdos o tempo todo, está tudo bem. Não existe certo ou errado e não existe uma técnica especial. O professor de meditação da Deb lhe disse que existem tantas formas de meditação quantas são pessoas que as praticam. Portanto, tudo o que você precisa fazer é encontrar a maneira que funciona para você (mesmo se você preferir fazê-lo de cabeça para baixo) e perseverar.

O importante é que você faça amizade com a meditação. De nada adiantará se você sentir que precisa meditar e, por exemplo, depois se sentir culpado por não ter conseguido tirar o tempo para isso ou ter meditado apenas 10 minutos quando prometeu a si mesmo fazer 30 minutos. É muito melhor praticar por um breve momento e aproveitar bem o que você está fazendo do que ficar sentado ali, rangendo os dentes, porque lhe disseram que, para ter algum efeito, a meditação deve durar 30 ou até 40 minutos. A meditação é uma companhia para se ter por toda a vida, como uma velha amiga a quem você recorre quando precisa de apoio, inspiração e clareza. É para ser apreciada!

 

  1. Não passa de uma moda estranha da Nova Era. Certamente é fácil se perder na variedade de promessas de felicidade eterna da Nova Era, mas a meditação em si é tão antiga quanto as montanhas. Há mais de 2.500 anos, o Buda foi um meditante dedicado que experimentou e testou várias maneiras diferentes de fazer com que a mente se aquietasse. Esse é apenas um exemplo. Cada religião tem sua própria variação sobre o tema e todas remontam a séculos atrás. Portanto, não há nada de novo aqui e nada de estranho.

Em outras palavras, meditar não significa forçar a mente a ficar absolutamente quieta. Em vez disso, é deixar de lado a resistência, tudo o que possa se interpor: dúvida, preocupação, incerteza e sentimento de inadequação, os dramas sem fim, medo e desejo. Toda vez que você descobrir que sua mente está vagando, sonhando acordada, lembrando-se do passado ou planejando o futuro, apenas volte para o agora, volte para o momento presente. Tudo que você precisa fazer é prestar atenção e estar com o que existe. Nada mais.

 

Ed e Deb Shapiro são blogueiros destacados em Oprah.com e HuffingtonPost.com. Eles publicaram um livro premiado: BE THE CHANGE, How Meditation Can Transform You and the World, com prefácios do Dalai Lama e Robert Thurman, com contribuições de Jack Kornfield, Jon Kabat-Zinn, Jane Fonda, Ram Dass, Byron Katie e muitos outros. Eles também gravaram 3 CDs de meditação: Metta — Loving Kindness and Forgiveness; Samadhi – Breath Awareness and Insight; e Yoga Nidra – Inner Conscious Relaxation; os CDs estão disponíveis em EdandDebShapiro.com.

Fonte: “Este artigo foi publicado originalmente no Mindful.org, uma organização sem fins lucrativos dedicada a inspirar, orientar e conectar qualquer pessoa que queira explorar a atenção plena. Clique aqui https://www.mindful.org/why-we-find-it-hard-to-meditate/ para ver o artigo original.”
Site: http://www.mindful.org/

Pesquisa: Evânia Maria Vieira  / Tradução: Nélio Schneider

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